19
jan 2016
Boas práticas de Governança Corporativa em processos de M&A

Como as boas práticas em governança corporativa são importantes nesse momento em que fusões e aquisições crescem no Brasil? Quem explica é o consultor Alexandre Pontes em artigo publicado no site da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade.


Os benefícios auferidos com suas boas práticas, principalmente no que concerne ao assunto

“Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo as práticas e os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de Governança Corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade .”

O objetivo deste artigo não é exaurir o tema referente à Governança Corporativa, mas sim abordar os benefícios auferidos com suas boas práticas, principalmente no que concerne ao assunto que iremos abordar de agora em diante, que é: “facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade. ”.

Analisando o momento econômico no qual o Brasil se encontra (caos político e financeiro), o ativo brasileiro, quando confrontado com moedas fortes mundiais, encontra-se extremamente defasado. A desaceleração da economia, a alta da inflação e dos juros, a ausência de reforma tributária e política e a pouca segurança jurídica, colocam o Brasil numa rota de colisão com o mercado de M&A. Desta forma, com impactos já sentidos no primeiro semestre de 2015, os empresários como um todo questionam a real possibilidade da venda dos seus ativos, e, caso seja possível, se existem interessados no mercado brasileiro e a qual custo.

A resposta para esta pergunta é positiva. Apesar da crise econômica “achatar” os valores dos ativos das sociedades brasileiras, bem como colocar várias delas em situação financeira extremamente frágil, os especialistas relatam que esta situação, mesmo com viés de piora até meados de 2016, fará os investidores, de um modo geral, ficarem ainda mais focados no mercado brasileiro, principalmente pela alteração de referência dos valores das empresas.

Os maiores interessados são Fundos de Private Equity , os quais encabeçam as operações de M&A por conseguirem atuar em frentes distintas, ou seja, conseguem atuar em operações de reestruturação financeira, bem como em operações de M&A. Por outro lado temos os estratégicos da indústria, que enxergam o momento brasileiro como uma oportunidade única de entrar no país, pela porta do Distressed Asset .

Importante ressaltar, ainda, a possibilidade de processos de M&A em empresas brasileiras, que se encontram em recuperação judicial:

“Cabe salientar que operações de M&A envolvendo empresas em dificuldade passam a ser mais viáveis com a Lei n. 11.101/05 (Nova Lei de Falências), que neste ano, completou 10 (dez anos) anos. A lei é um marco, pois elimina o risco significativo dos adquirentes do negócio serem responsabilizados pelas contingências .”

A crise brasileira trouxe novas oportunidades de investimento, tanto para empresas que estão com problemas em seu fluxo de caixa, bem como para empresas superavitárias. Entretanto, muitas operações, para não dizer a grande maioria, não obtêm êxito no Brasil por falta de informações consistentes para o processo de M&A. O empresariado brasileiro continua tendo resistência em abrir os seus números para o mundo e desta forma, fica muito difícil “girar” processos de M&A no Brasil, principalmente em empresas familiares ou no Midle Market.

Para sanar este problema, o ideal é que as empresas, que desejam ser negociadas ou realizar operações de reestruturação financeira, possuam o mínimo necessário das boas práticas da governança corporativa, pois os investidores internacionais desejam conhecer o real valor dos ativos brasileiros.

O IFC (International Finance Corporation) do Banco Mundial produziu no ano de 2010, um estudo onde os investidores afirmaram que a governança corporativa é fator decisivo para investimentos em países emergentes, e que pagariam mais por uma empresa com melhor governança do que por uma companhia com lacunas neste quesito. Ressalta-se, portanto, a importância e necessidade das sociedades brasileiras possuírem, no mínimo, contabilidade, assessoria jurídica e auditoria externa sob os moldes internacionais.

Afinal, para que haja sucesso nos processos de M&A, a sociedade necessita de um compliance contábil, financeiro e jurídico que seja reconhecido internacionalmente. Somente assim haverá confiança e sinergia quando da negociação dos ativos por ambas as partes.
Em resumo, as empresas podem ser negociadas de duas formas. A primeira forma é pelo caminho sem informações consistentes onde o investidor irá precificar o ativo pelo momento Brasileiro, ou seja, risco Brasil. A segunda forma é demonstrar ao investidor que o ativo que está sendo negociado possui valor apesar da atual crise política e econômica do País.

Diante do exposto, podemos afirmar que a Governança Corporativa é um sistema que cria valor para a sociedade e, desta forma, é sempre vista com bons olhos por terceiros, sejam estes investidores ou instituições financeiras.

A cada dia aumenta o número de investidores, fundos e/ou bancos de desenvolvimento que consideram temas ligados às boas práticas de Governança ao decidir fornecer capital às organizações.

O Brasil hoje acena com inúmeras possibilidades de negócios advindos da crise econômica. Cabe ao empresário decidir de qual forma ele quer negociar o seu ativo, criando ou destruindo valor.


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